Em resposta a perguntas feitas em Teerã, capital iraniana, por um repórter do jornal alemão Bild, o ministro das Relações Exteriores da República Islâmica do Irã, Mohammad Javad Zarif, reiterou a justificativa do país em manter uma lei que prevê a execução de homossexuais e também reforçou sua oposição a Israel e aos EUA.
O repórter da Bild, chamado Paul Ronzheimer, escreveu no Twitter que fez duas perguntas a Zarif: "1. Qual seu posicionamento com relação ao direito de Israel existir? 2. Como você lida com as execuções de gays?"
Ronzheimer escreveu que Zarif respondeu: "O problema são as políticas agressivas de Israel e dos EUA".
Sobre a execução de gays do Irã, Zarif disse que: "Nossa sociedade tem princípios morais e vive de acordo com esses princípios. Esses são princípios morais com relação ao comportamento das pessoas em geral. E por isso que a lei é mantida e você deve obedece-las".
Richard Grenell, o embaixador dos EUA na Alemanha, disse ao Jerusalem Post na segunda-feira: “A Declaração de Direitos Humanos da ONU deixa claro que essas respostas do regime iraniano estão violando os princípios básicos da ONU. Os membros da ONU devem concordar com a Declaração para serem membros. Criminalizar a homossexualidade viola a Declaração, pura e simplesmente”.
Volker Beck, um político do partido verde alemão e ativista LGBT, repudiou a afirmação do ministro iraniano.
"Zarif deixa claro o que o Irã defende: o desprezo pelos direitos humanos de homossexuais, mulheres e minorias religiosas". Beck, que também é professor do Centro de Estudos em Ciências Religiosas (CERES) da Universidade de Ruhr, em Bochum, acrescentou que quem apoia os mulás (doutores da lei islâmica) sabe o que eles representam. Ele disse que "o enforcamento e apedrejamento de homossexuais é considerado um princípio moral pelos estudiosos e adeptos do islamismo em Teerã".
O Jerusalem Post informou em janeiro que o regime clerical do Irã enforcou publicamente um homem com base em uma lei islâmica anti-homossexual. O homem não identificado foi enforcado no dia 10 de janeiro, na cidade de Kazeroon, no sudoeste do país.
Contextualização
De acordo com o envio de um WikiLeaks britânico em 2008, o regime dos mulás do Irã executou “entre 4.000 e 6.000 gays e lésbicas” desde a Revolução Islâmica de 1979.
Em 2016, o Jerusalem Post também informou que o regime iraniano havia executado um adolescente gay naquele ano - a primeira execução confirmada de alguém condenado como jovem na República Islâmica.
Hassan Afshar, de 19 anos, foi enforcado na Prisão de Arak, na Província de Markazi, no Irã, em 18 de julho de 2016, depois de ter sido condenado por “sexo anal forçado entre homens e homens” no início de 2015.
Em 2011, o regime iraniano executou três homens iranianos depois destes serem considerados culpados de acusações relacionadas à homossexualidade.
O enforcamento público do regime iraniano em janeiro ganhou espaço no anúncio feito pelo governo do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, em fevereiro de que estaria lançando uma campanha para acabar com a criminalização da homossexualidade em todo o mundo.
Grenell - oficial do governo americano e homossexual assumido - disse ao Post em fevereiro que “71 países criminalizam a homossexualidade e oito vão matar pessoas apenas por serem gays.
A administração Trump está lançando um novo impulso com nossos aliados europeus para acabar com esse ultraje dos direitos humanos”.
“No Irã, onde crianças de até nove anos podem ser sentenciadas à morte, adolescentes gays são enforcados publicamente para aterrorizar e intimidar outras pessoas. As terríveis ações do Irã estão equiparadas à brutalidade e selvageria demonstradas regularmente pelo Estado Islâmico”, acrescentou.