O governador da Bahia deveria estar muito engajado em esclarecer as circunstâncias da morte do miliciano Adriano da Nóbrega. Até agora, seu discurso é constrangedor, dissimulado, despolitizado. Pusilânime. Pois se, eventualmente, o partido de Rui Costa estiver encobrindo ou articulando uma “queima de arquivo” dessas proporções, sejamos honestos, não haveria cenário mais grave e devastador. Eis um caso em que não é permitido um grama de dúvida. E há.
De acordo com o site R7, o ex-capitão da PM fluminense era um dos criminosos mais procurados do país. Liderava o Escritório do Crime, milícia de pistoleiros e matadores de elite do Rio de Janeiro. O cara era do mal, um assassino impiedoso e cruel. Estava foragido há um ano. Sua prisão seria um duro golpe no crime organizado – e poderia elucidar graves crimes de corrupção e morte, como o da vereadora Marielle Franco.
Valia mais vivo do que morto. Mas morreu, no domingo (9), na cidade de Esplanada (a 170 km de Salvador) – “em confronto”, segundo a versão oficial da PM baiana. Fosse baleado com dois tiros pela polícia de algum outro estado, seria previsível muito alvoroço e teorias da conspiração. Mas por tratar-se de uma unidade da Federação governada pelo PT, a tese de execução parecia enfraquecida. Bastou menos de uma semana e dúvidas sérias vieram à tona.
Adriano estava cercado, entocado sozinho em uma casa isolada, sem capangas, vizinhos ou chance de resgate. Ele não tinha saída. Bastava manter o cerco, esperar, vencê-lo pelo cansaço e obrigá-lo a se entregar. O que interessava era a rendição, colher seu depoimento e investir num possível acordo de delação premiada. Caso o bandido preferisse se matar a ser preso, paciência, problema dele. informa o site NBO
Moradores disseram que a ação foi rápida. Os policiais invadiram o imóvel – e garantem que Adriano disparou dois tiros, alojados num escudo de proteção (cujas fotos vazadas mostram ser de treinamento e não de uso em operações). As fotos da autopsia de Adriano, obtidas e publicadas pela revista “Veja”, deixam evidente: o miliciano foi morto por disparos a curta distância, precisos, a queima-roupa.
Não bastasse, a PM da Bahia, nesta sexta-feira (14), deteve dois jornalistas que ouviam testemunhas e apuravam o caso. Por que a polícia do governador Rui Costa quer impedir as apurações? Há algo a esconder? O PT não tem interesse em esclarecer a morte do miliciano Adriano Nóbrega? O país tem.